quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De Rádio Relíquia


Sentou-se a mesa, arrastou a cadeira pra perto, arrumou a postura. Ligou o computador. Respirou fundo. Era onze horas da noite, uma terça-feira escura. Na sala só via a luz da tela do computador, pensou mais uma vez em comprar um notebook para poder escrever na cama, afastou a ideia, tinha pouco dinheiro desde que perdera o emprego. A vida nem sempre lhe fora favorável, problemas, problemas e mais problemas. Não tem importância agora, pensou. Entrando pela janela pouquíssima luz. A noite estava nublada, porem um fino raio de luz da lua passando pela janela. O barulho das teclas só era interrompido pelos latidos dos cães na vizinhança, gatos, é insuportável os miados das fêmeas no cio. Sempre acorda durante a noite, pensou em colocar veneno, atirar nos gatos, mas tem o coração mole, não mata uma lagartixa. Mas naquele dia nada importava, a não ser terminar o maldito trabalho. Free Lancer agora era a sua profissão, trabalhava até altas horas da madrugada, muito café, tanto que até sentia o estômago doer, deveria ser úlcera, mas do café não deixava, como poderia? Sem café não terminaria nenhum trabalho, ou pelo menos assim pensava. Na noite em questão, terminava umas imagens, arrumava uns retoques de algumas madames, algumas rugas, lutava contra o tempo, era uma batalha interminável, noite após noite lutava contra o tempo, contra as marcas dos anos. Seu pai não ficaria nada feliz, trabalhava em um museu e ensinara a seus filhos desde pequeno que o tempo é a única coisa que realmente temos, mas que nos deixa suas marcas, sempre, não importa o quanto lutamos contra ele.

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