sexta-feira, 20 de agosto de 2010

De Rádio Relíquia

Estava imóvel em frente ao quadro
, havia movimento, mas não se mexia. Voava, traduzia aquilo que via através do pensamento. Sempre fora assim, na escola não tinha concentração, na verdade sempre teve demais, mas a sua maneira, ninguém conseguia compreender que seu modo de concentrar-se era voando. Cores, uma psicodelia de cores que fez lembrar "Lucy in the sky with diamonds", ou então, "yellow submarine". Naquele dia estava mais para "hey Jude". Aquela pintura era intrigante, de perto um amontoado de tintas, a média distância as cores tomavam forma, via juntas algumas pessoas, e imaginou-se no meio delas. O que estariam fazendo? Era uma cidade colorida, o chão era de ladrilhos antigos, as paredes, algumas pintadas, outras com lindos desenhos feitos pela junção dos azulejos. no fundo o mar, um barco, um cachorro. As pessoas conversavam, mas não entendia o que, nem quem eram, nem o que faziam. Esperavam. Aguardavam. Mas não eram as pessoas do quadro que aguardavam, tinha esse dom, ou defeito, sei lá. Conseguia ver em coisas, situações e imagens o que estava sentindo realmente. Passava a sua frente como um filme. Aguardava ansiosamente, quase desesperadamente. Desesperadamente aguardava.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

De Rádio Relíquia

Nem sempre as coisas são como queremos, coisas boas, ruins, ótimas, péssimas, a vida anda cada dia mais e mais rápida, perde-se muito tempo sem fazer nada. Dentro das expectativas as coisas sempre ficam no aceitável, mas não quero mais aceitá-las. É para o mundo que vivemos, e é com ele que nos vamos. Muito daquilo que queremos não nos é dado, muito do que não queremos é empurrado goela a baixo. Falta sentimento ao mundo, estamos cada vez mais automatizados, sempre pensando pelo lado racional das coisas, o sentimental vai ficando esquecido. A poesia faz falta ao mundo, foi Ferreira Gullar quem disse que “A arte existe porque a vida não basta”, e só com o sentimento que podemos ter uma vida mais plena. Em ano de eleição as coisas sempre pendem para o ridículo. Ridículo mesmo, porque existem pessoas defendendo posições insustentáveis, porém segue o circo, que palhaços existem aos montes, mais de 180 milhões.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

De Rádio Relíquia


Sentou-se a mesa, arrastou a cadeira pra perto, arrumou a postura. Ligou o computador. Respirou fundo. Era onze horas da noite, uma terça-feira escura. Na sala só via a luz da tela do computador, pensou mais uma vez em comprar um notebook para poder escrever na cama, afastou a ideia, tinha pouco dinheiro desde que perdera o emprego. A vida nem sempre lhe fora favorável, problemas, problemas e mais problemas. Não tem importância agora, pensou. Entrando pela janela pouquíssima luz. A noite estava nublada, porem um fino raio de luz da lua passando pela janela. O barulho das teclas só era interrompido pelos latidos dos cães na vizinhança, gatos, é insuportável os miados das fêmeas no cio. Sempre acorda durante a noite, pensou em colocar veneno, atirar nos gatos, mas tem o coração mole, não mata uma lagartixa. Mas naquele dia nada importava, a não ser terminar o maldito trabalho. Free Lancer agora era a sua profissão, trabalhava até altas horas da madrugada, muito café, tanto que até sentia o estômago doer, deveria ser úlcera, mas do café não deixava, como poderia? Sem café não terminaria nenhum trabalho, ou pelo menos assim pensava. Na noite em questão, terminava umas imagens, arrumava uns retoques de algumas madames, algumas rugas, lutava contra o tempo, era uma batalha interminável, noite após noite lutava contra o tempo, contra as marcas dos anos. Seu pai não ficaria nada feliz, trabalhava em um museu e ensinara a seus filhos desde pequeno que o tempo é a única coisa que realmente temos, mas que nos deixa suas marcas, sempre, não importa o quanto lutamos contra ele.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

De Rádio Relíquia

A chuva não parava, dava para ouvir os pingos no gramado amarelado pelos recentes dias de sol. Depois de tanto calor um pouco de chuva não faria mal a ninguém. Era noite, com o guarda-chuva se protegia dos respingos, o barulho do salto na calçada, por um momento, só, na rua olha para os lados e se detêm na luz do poste, a luz refletida nas gotas, de um amarelo brilhante, encantador, inebriante. Visto que amarelo era a sua cor preferida. Por mais um momento continua olhando, prossegue. Caminha mais algumas quadras e nota a noite, que vai se tornando estrelada novamente. Solta um grande e sonoro palavrão. – Merda!. Não queria que parasse a chuva. Gosta de ouvir o som ao dormir. Gosta de ver refletida a luz nos pingos. Gosta de ouvir o som da terra sendo molhada, do silêncio que traz a chuva. O sol é áspero, queima, maltrata. A chuva é bela, refresca. Nessa hora realiza-se por não viver nos lugares mais frios, onde a chuva deve ser terrível. Chama o taxi, embarca, diz algo ao motorista, não é possível ouvir, ao mesmo tempo em que fala fecha a porta. O taxi arranca e não vemos mais nada além da esquina.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Com essa Cor - Monique Kessous



Monique Kessous é uma cantora e compositora carioca, tem dois cd`s gravados, o primeiro intitulado "Liverpool Bossa" (2007) no qual canta músicas dos Beatles em versão bossa nova! Muito interessante, porém não foi totalmente do meu agrado. Mas o seu segundo cd "Com essa cor" lançado em 2008 pela Som Livre, mostra uma face muito mais brasileira e muito melhor da cantora carioca. A cantora teve músicas em novelas da Rede Globo, e em vários cd`s de coletâneas como "Mulheres 2010" (aonde a descobri, ontem por acaso), "Chico Buarque por elas", entre outras. Quem quiser conferir um pouco mais é so entrar no myspace ou no canal do You Tube. Uma palhinha aqui no Blog da música título do cd, "Com essa Cor".